Tomei muitos tombos e senti meu corpo doer por dias, é verdade. A parte de cair realmente é difícil de encarar. Ao contrário das crianças que andavam de patins pelo parque do Ibirapuera sem medo algum de se machucar, os adultos têm noção da gravidade de um tombo. Mas a parte de levantar, insistir e conseguir continuar gera uma sensação de superação viciante.
"O roller derby tem uma filosofia muito forte de empoderamento e inclusão. Dentro de um time não tem só pessoas atléticas. Tem gente alta, baixa, gorda e magra", afirma a estilista Paula Fernandes Mitie, 28, que foi jogadora da seleção brasileira.
Ser um esporte quase exclusivamente feminino é outro dos grandes atrativos do roller derby, modalidade que mudou a vida de muitas das garotas que praticam. "E muito gostoso ver e fazer parte de algo em que as mulheres foram pioneiras. A gente mostra que, por mais sejamos consideradas o 'sexo frágil', muito homem pena para fazer o que é feito no roller derby", diz Carvalho.
Conversando com a pesquisadora Silvana Goellner, que estuda o papel das mulheres nos esportes e é professora da escola de educação física da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), descobri que a presença feminina nos esportes de forma oficial no Brasil é um fato bastante recente e, por isso, o roller derby é visto com muito entusiasmo.
Em 1941, foi instaurada uma lei no país que basicamente proibia as mulheres de praticar qualquer esporte "incompatível" com as "condições de sua natureza". O decreto passou por algumas mudanças durante a ditadura e foi proibido a elas apenas algumas modalidades: futebol (de todo tipo), rúgbi, polo, halterofilismo e beisebol. A lei caiu apenas nos anos 1980, quando começaram os primeiros incentivos para inserção de modalidades femininas nas Olimpíadas.
"O esporte, a grosso modo, é vivenciado pelos homens, culturalmente existe um incentivo para isso porque os meninos são direcionados para ocupar espaços públicos enquanto as meninas ficam nos espaços privados, da casa", afirma. "Sempre existiram mulheres nos esportes, mas a proibição da prática durou muito tempo e se fez muito forte no imaginário da nossa cultura", diz.
Para Goellner, é muito positivo existir uma modalidade como o roller derby, feito apenas por mulheres. "É um esporte que requer agilidade e que cria um espaço de sociabilidade entre as mulheres. Isso tem a ver com apropriação do espaço público. O roller derby mostra que as mulheres podem fazer o que elas quiserem", afirma. "É um grupo com idéias muito feministas, existe um orgulho por ser um esporte das mulheres e criar uma resistência nossa contra os homens", completa Mitie.
O que mais ouvi conversando com quem pratica e vive o roller derby é como o esporte mudou a vida delas não só porque o corpo clama por uma atividade física. "Eu passei a pensar mais em mim, melhorou minha autoestima e me deixou mais confiante. Com a evolução dos treinos, você vê que não existe nada impossível", conta Carvalho.
Por meio do roller derby, a treinadora Folco também passou a enxergar a beleza das mulheres com outros olhos. "Sempre achei que ser bonita era ter cabelo grande, unha feita e vestir saia, mas eu sou uma menina de cabelo curto, não pinto as unhas e uso roupas esportivas e me sinto muito mais bonita do que se eu andasse arrumada para a balada. O roller me ensinou esse outro sentido do que é a beleza por meio da força e da independência", diz.
Para manter a coesão da filosofia do empoderamento, o roller derby aceita todo tipo de mulher em todo tipo de corpo. Não é preciso ser uma mulher atlética ou magra para praticar o esporte sobre patins, como acontece em outras modalidades. E também não existe biotipo ideal para cada tipo de posição no jogo, ou seja, não é preciso ser magra para ser jammer nem gorda para ser blocker. O roller derby também aceita pessoas trans e para participar das ligas não é preciso fazer testes hormonais, basta ser mulher. O importante (e mais difícil do que dominar as rodinhas) é entender o jogo e aprender estratégias.
"Você pode ser a pessoa mais forte do mundo, posso pegar um cara enorme, só que em cima dos patins, eu, que sou pequena, vou dar uma coça nele", brinca Folco. "O tamanho do corpo é apenas um detalhe, o que conta é o quanto você patina e o quanto você sabe sobre o jogo", diz.
A marketóloga Ingrid Dara, 29, conta que quando entrou para a liga, achou que precisaria emagrecer e melhorar seu condicionamento físico. "Mas depois, vi que tinha meninas muito maiores do que eu e que iam melhor no jogo que eu. Você põe os patins, e ninguém está olhando seu corpo. O esporte exige dedicação, mas não tem um limitador, você não tem que fazer uma escolha, é só colocar na sua vida e pronto."
por Letícia Naísa
Do TAB, em São Paulo
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As I went to train roller derby, the skating stunt between women. 2/3, continue ...
I have taken many falls and felt my body ache for days, it is true. The falling part really is hard to face. Unlike the children who were skating in Ibirapuera Park without any fear of injury, adults are aware of the gravity of a fall. But the part of raising, insisting and being able to continue generates a sense of addictive overcoming.
"The roller derby has a very strong philosophy of empowerment and inclusion," said designer Paula Fernandes Mitie, 28, who played for the Brazilian national team. .
Being an almost exclusively female sport is another of the roller derby's great attractions, a way that has changed the lives of many of the girls who practice. "It's very nice to see and be part of something that women have been pioneers in. We show that, as we are considered the 'fragile sex', a lot of people feel sorry for what is done in the roller derby," says Carvalho.
Talking with researcher Silvana Goellner, who studies the role of women in sports and is a professor at the Physical Education School of UFRGS (Federal University of Rio Grande do Sul), I discovered that the presence of women in sports officially in Brazil is a fact quite recent and so the roller derby is seen with a lot of enthusiasm.
In 1941, a law was introduced in the country that basically prohibited women from practicing any sport "incompatible" with "conditions of their nature". The decree underwent some changes during the dictatorship and was banned to them only some modalities: soccer (of all type), rugby, polo, weightlifting and baseball. The law fell only in the 1980s, when the first incentives for insertion of women in the Olympics began.
"The sport, roughly, is experienced by men, culturally there is an incentive for this because the boys are directed to occupy public spaces while the girls stay in the private spaces of the house," he says. "There have always been women in sports, but the prohibition of practice has lasted a long time and has become very strong in the imaginary of our culture," he says.
For Goellner, it is very positive to have a mode like the roller derby, made only by women. "It's a sport that requires agility and creates a space of sociability among women." This has to do with appropriating the public space. "The roller derby shows that women can do whatever they want," he says. "It's a group with very feminist ideas, there's a pride in being a women's sport and creating our resistance against men," Mitie adds.
What I've heard most talking about who practices and lives the roller derby is how the sport changed their lives not only because the body calls for physical activity. "I started thinking more about myself, improved my self-esteem and made me more confident. With the evolution of the training, you see that there is nothing impossible," says Carvalho.
Through the roller derby, coach Folco also began to see the beauty of women with other eyes. "I always thought being beautiful was having great hair, nail polish and skirt, but I'm a short-haired girl, I do not do my nails and wear sports clothes and I feel much prettier than if I were dressed up for the ballad. Roller taught me this other sense of beauty through strength and independence, "he says.
To maintain the cohesion of the empowerment philosophy, the roller derby accepts every type of woman in every body type. It is not necessary to be an athletic or thin woman to practice skating, as in other modalities. And there is also no ideal biotype for each type of position in the game, ie, you do not have to be thin to be jammer or fat to be a blocker. The roller derby also accepts trans people and to participate in the leagues does not have to do hormonal tests, just be a woman. The important (and harder than mastering the wheels) is to understand the game and learn strategies.
"You can be the strongest person in the world, I can get a huge guy, but on the skates, I, who am small, I'm going to scratch him," joins Folco. "The size of the body is just a detail, what counts is how much you skid and how much you know about the game," he says.
Market analyst Ingrid Dara, 29, says that when she joined the league, she felt she needed to lose weight and improve her fitness. "But then I saw that there were girls who were much older than me and who were better at the game than I. You put on the skates, and no one is looking at your body. a choice, just put it in your life and you're done. "
by Leticia Naísa
From TAB in São Paulo
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