Ao chegar na marquise do Ibirapuera e colocar um par de patins antes de participar de um treino de roller derby pela primeira vez, senti medo e vergonha por ser uma mulher adulta sobre oito rodas que provavelmente cairia na frente de desconhecidos. Pedi ajuda para levantar e dar as primeiras voltas pelo espaço e lembrei de conselhos que ouvi quando contei que estava com medo: a gravidade é universal, todo mundo vai entender se você cair, do chão não passa. Depois de dois treinos puxados, ganhei marcas roxas nas pernas, sinto dores em músculos que nem sabia que existiam e não consigo subir uma escada. Mas realmente do chão não passei.
Há dois anos descobri uma pista de patinação na Mooca, zona leste. Por uns meses, fiquei viciada na sensação de sair voando numa pista. Curtir uma baladinha sobre rodinhas, estilo filme norte-americano dos anos 1980, no meu bairro já parecia divertido o suficiente. Até que um dia ouvi falar de um esporte praticado sobre as quatro rodas cheio de porradaria entre mulheres. Como jornalista, fui movida pela curiosidade e resolvi ver como era treinar para ser jogadora de roller derby no Brasil. Como mulher, fiquei interessada em participar de um esporte majoritariamente feminino.
O esporte surgiu nos anos 1930 nos Estados Unidos como uma corrida de resistência para patinadores. Na época, era um esporte misto praticado em uma pista oval com o objetivo de dar o maior número de voltas possível. Os momentos mais excitantes, no entanto, eram os choques entre os patinadores. Assim, nos anos 1940 surgiu o esporte mais ou menos parecido com o que é praticado hoje: com dois times correndo por uma pista oval para marcar pontos. Naquela época, era pura porradaria, quase uma rinha de garotas.
Com o passar dos anos, o esporte, que era televisionado, foi perdendo espaço. Apenas nos anos 2000 ele foi recuperado por um grupo de garotas em Austin, no Texas (EUA). Oficialmente, segundo a WFTDA (Women's Fiat Track Derby Association), órgão máximo do esporte (tipo uma Fifa do roller derby), hoje existem 468 ligas em seis países pelo mundo. O Brasil abriga 11, sendo as duas maiores em São Paulo: Ladies of Helltown e Gray City Rebels. O esporte está presente no país há dez anos.
As regras do jogo são muitas (mesmo), mas as principais são a proibição de xingamentos na track (espaço oval onde acontece o jogo) e pancadaria desnecessária. É proibido agredir verbalmente e fisicamente uma jogadora oponente de forma proposital. Por isso, o ambiente do roller derby é cercado de diálogo e compreensão, apesar da aparência de jogo agressivo e violento.
"Tomar um tombo de patins é impactante para quem assiste", afirma a treinadora Nathalie Folco, 31, das Ladies of Helltown. "E é um esporte violento, mas eu sou suspeita, sou fã de UFC, então não me assusta. Praticar um esporte de contato e violento é incrível, porque mostra a força que você tem e a vontade de cair e depois levantar, você mostra que consegue."
A sensação de cair, mas conseguir se levantar é um dos fatores que mais move as jogadoras, especialmente as novatas. Muitas delas não sabiam como se equilibrar em cima de patins antes de conhecer a modalidade. "Eu ficava mais no chão que tudo", conta a gerente de projetos e desenvolvimento de sistemas Ana Cristina Carvalho, 35, uma das calouras das Ladies que começou a treinar em janeiro deste ano.
Cair e não conseguir levantar também era um dos maiores medos que eu tinha quando decidi encarar os treinos das Ladies, que conheci por meio de uma colega no trabalho. Por causa da minha curta experiência com patins do tipo quad (aquele com duas rodas na frente e duas atrás), achei que andar com eles fosse como andar de bicicleta: você não esquece. Mas quando subi neles, quatro dias antes do meu primeiro treino, tremi na base e tomei um tombo enquanto tentava mexer no celular. Levei algumas horas na pista de patinação para andar com segurança e achei que estava menos apavorada, mas quando cheguei, levei mais um tempo para conseguir acostumar com as rodas no pé (uma das idéias mais bizarras que o ser humano já teve, diga-se).
Apesar de o treino ser indicado para iniciantes, peguei o bonde andando e vi que todo mundo patinava muito melhor do que eu. Não é preciso saber patinar para começar no roller derby, mas a essa altura do campeonato, em abril, os treinos estavam mais avançados e eu não pude acompanhar todos os exercícios, especialmente os que envolvem contato. Se tivesse começado no que elas chamam de recrutamento, teria aprendido os movimentos desde o início e, talvez, caído menos ou pelo menos com mais graça.
por Letícia Naísa
Do TAB, em São Paulo
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Mega Roller Skate Park
A maior e melhor pista de
patinação sobre rodas do Brasil.
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--in via tradutor do google
As I went to train roller derby, the skating stunt between women. 1/3, continue ...
Arriving at the Ibirapuera marquee and putting on a pair of skates before attending a roller derby training for the first time, I felt fear and shame at being an adult woman on eight wheels that would probably fall in front of strangers. I asked for help to get up and take the first few laps through space and I remembered the advice I heard when I told you I was afraid: gravity is universal, everyone will understand if you fall, the ground does not pass. After two drills, I got purple marks on my legs, I feel muscle pains that I did not even know existed and I can not climb a ladder. But I really did not pass from the floor.
Two years ago I discovered a skating rink in Mooca, east side. For a few months, I was hooked on the feeling of flying on a lane. Like an American-style 1980s movie-style ballad on wheels, it was kind of fun enough in my neighborhood. Until one day I heard of a sport practiced on the four wheels full of silliness among women. As a journalist, I was driven by curiosity and decided to see what it was like to train to be a roller derby player in Brazil. As a woman, I was interested in participating in a mostly female sport.
The sport emerged in the 1930s in the United States as an endurance race for skaters. At the time, it was a mixed sport practiced on an oval track with the goal of giving as many laps as possible. The most exciting moments, however, were the clashes between the skaters. Thus, in the 1940s the sport appeared more or less similar to what is practiced today: with two teams running on an oval track to score points. At that time, it was pure fucking, almost a girls' nest.
Over the years, the sport, which was televised, was losing space. It was only in the 2000s that he was recovered by a group of girls in Austin, Texas. Officially, according to the WFTDA (Women's Fiat Track Derby Association), the highest body of the sport (like a Fifa roller derby), there are now 468 leagues in six countries around the world. Brazil has 11, the two largest in São Paulo: Ladies of Helltown and Gray City Rebels. The sport has been in the country for ten years.
The rules of the game are many (same), but the main ones are the prohibition of curses in the track (oval space where the game happens) and unnecessary punch. It is forbidden to verbally and physically assaulting an opposing player intentionally. Therefore, the roller derby environment is surrounded by dialogue and understanding, despite the appearance of aggressive and violent play.
"Taking a tumble of skates is shocking for those who watch," said Nathalie Folco, 31, of the Ladies of Helltown. "And it's a violent sport, but I'm a suspect, I'm a UFC fan, so it does not scare me. Playing a violent and violent sport is incredible because it shows the strength you have and the willingness to fall and then get up, you show who can. "
The feeling of falling, but getting up is one of the factors that moves most players, especially the novice. Many of them did not know how to balance on skates before knowing the modality. "I was more on the ground than anything," says project manager and systems development Ana Cristina Carvalho, 35, one of the female freshmen who began training in January this year.
Falling and not being able to get up was also one of the biggest fears I had when I decided to face the Ladies' training, which I met through a colleague at work. Because of my short experience with quad-type skates (the one with two wheels in front and two behind), I thought walking with them was like riding a bike: you do not forget. But when I climbed into them, four days before my first workout, I shivered at the base and took a tumble as I tried to move my cell phone. It took me a few hours on the skating rink to walk safely and I thought I was less terrified, but when I arrived, it took me some time to get used to the wheels on my foot (one of the most bizarre ideas humans have ever had, ).
Although the training was meant for beginners, I took the tram on foot and saw that everyone skated much better than I did. There is no need to know how to skate to start in the roller derby, but by this time in the championship in April the training was more advanced and I could not keep up with all the exercises, especially those involving contact. If he had begun what they call recruiting, he would have learned the movements from the beginning and perhaps fallen less or at least gracefully.
by Leticia Naísa
From TAB in São Paulo
continued 2/3
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