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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Invertendo o fluxo periferia-centro, festas nas quebradas têm mostrado a potência dos artistas e articuladores que sempre estiveram à margem. -- Reversing the periphery-center flow, parties in the broken ones have shown the power of artists and articulators who have always been on the fringes.

Andando pelo centro de São Paulo, você encontra lazer e cultura para todo lado. À noite, a cena é a mesma: há festas de todos os tipos e para diferentes públicos. Mas algumas se destacam por trazer a periferia à região. É o caso da Festa Punga, que ocorre no Estúdio Lâmina, na avenida São João, no coração de São Paulo. Idealizada por Catarina Marçal e colocada em prática em 2016, ela difunde os quatro elementos do hip hop (grafite, DJ, MC, B-boy e B-girl). Tudo é feito de forma simples e bem pensada: os shows ocorrem no estilo batalha de MCs, sem palco e um passando o microfone para o outro ao final da apresentação. 

Catarina conta que isso é proposital, para que o público e o artista consigam se aproximar mais. É o que ela quer cada edição: que traga uma sensação de pertencimento. 'A gente consegue fomentar e girar o público da cena do rap, acredito que justamente por esse acesso da periferia. A festa é muito nossa e para os nossos, sabe? Tem um reconhecimento, da galera se ver e se sentir representada ali. Não é algo idealizado por quem não vive o rolê. A linguagem visual e sonora está totalmente alinhada a nossa vivência.'

Falando em representatividade, muitas iniciativas culturais que nasceram nas periferias têm se mantido itinerantes, levando uma mensagem de resistência e orgulho do lugar de origem para o Brasil inteiro. Os saraus, slams (batalhas de poesia falada) e as clássicas batalhas de MCs têm um papel importante nesse resgate de autoestima e conscientização. 

Mas há quem prefira cultivar suas raízes onde elas estão fincadas, evidenciando a importância de criar oportunidades onde só se via escassez. São artistas  independentes e articuladores culturais que desenvolvem eventos em parceria com fábricas e centros culturais na periferia de São Paulo.  

Da zona sul à zona norte, coletivos de 'jovens à frente do tempo', como pontua o grupo RZO em uma de suas músicas mais famosas, estão fazendo barulho e inaugurando festas que geram renda, lazer e cultura para os moradores. 

A Trip selecionou quatro eventos que acontecem no extremo sul da capital e conta suas histórias e as mudanças que estão trazendo para a sociedade.

Festa Goldz
A Goldz surgiu em 2018 para conectar artistas independentes e gerar um ambiente cultural ativo na zona sul, mais especificamente no Jardim São Luís, Vila das Belezas e Capão Redondo. A ideia surgiu por meio de uma iniciativa da produtora musical Deck9 Record’s, a Deck9 Concept, onde cantores, produtores, músicos e rappers eram convidados para se apresentar.

Para Vinex, Mulambo e JP,  fundadores da festa, que geralmente ocorre a cada dois meses, é essencial olhar para o lugar onde cresceram com mais atenção. 'Fazer um evento na quebrada, além de criar um ambiente cultural e de lazer onde você não precisa levar horas para se deslocar, também cria oportunidades de produtores e MCs se conhecerem e começarem a trabalhar juntos', explica Vinex, fundador da Deck9.

Mulambo reforça a visão do amigo e parceiro de profissão, e destaca que, para ele, frequentar eventos assim abriu seus olhos para padrões sociais que antes estavam embaçados. 'Sempre ouvi que estar no centro da cidade era a opção ideal. Quer ter um bom emprego? Estude em uma escola cara do centro. Quer ser bem-sucedido? Trabalhe no centro. Quer se divertir? Vá a festas no centro. Esse pensamento precisa parar', diz. 'Estamos promovendo eventos que trazem dinheiro, lazer e cultura para quem vive aqui. Quando eu vou a uma Goldz, a uma Crash Party, me sinto bem, mas ninguém fala sobre isso. O lugar onde eu moro só é lembrado pelos casos de violência ou quando querem reforçar o estereótipo de que todo preto pobre é ladrão. Está na hora de lembrar que muitas coisas que estão no centro surgiram aqui.'

Crash Party

Guxtrava, idealizadora e fundadora da Crash Party, também pensa como Mulambo. E foi justamente isso e a necessidade de criar um espaço seguro para pessoas LGBTQ+ que a fizeram criar a festa, em 2016.

Com a ajuda dos amigos Alef, Mayra, João, Livea e Hiperativo, Guxtrava articulou cada detalhe e desenvolveu um evento que enfatiza a resistência de corpos normalmente marginalizados pela sociedade, incentivando novos talentos a se apresentar na região.

Com um line-up diverso, que contou com Linn da Quebrada e Jup do Bairro em sua última edição – de comemoração de três anos da festa –, o coletivo conseguiu ainda criar uma rede de apoio entre os frequentadores, que se tornam amigos. 

'É importante sempre estar com os nossos. E o mais importante é ver quantas pessoas vêm se desconstruindo e aceitando as diferenças do outro, corpos heteronormativos respeitando corpos trans e afeminados. Esse é o grande diferencial da Crash. Aqui não precisamos de seguranças, nós mesmas nos acolhemos e cuidamos umas das outras', ressalta Guxtrava. 

Solta o Bass
A Solta o Bass também surgiu de um elo de companheirismo e cuidado. Foi depois de uma aula, andando pela avenida Paulista, que as DJs Paula Fayá e Lorrany pensaram em um projeto e o colocaram em prática.  No dia 15 de julho de 2018 aconteceu a primeira edição do evento, idealizado para apoiar e apresentar a cena de DJs periféricos de São Paulo. 

Depois de algumas edições de sucesso, a dupla  expandiu as atrações da festa, que atualmente conta com pocket shows, espetáculos de dança e outras intervenções artísticas, além de parcerias com coletivos, como a Crash Party. 

Paula e Lorrany afirmam que, por conta da verba, a iniciativa ainda não tem uma periodicidade definida, mas, em 2020, esperam realizá-la mensalmente. 

'Sabemos como é difícil conseguir grana para ir a eventos em outros lugares. Por isso, a Solta o Bass é necessária. Nós optamos por fazê-la em locais periféricos e, muitas vezes, em estabelecimentos que não cobram entrada. Queremos que todos ocupem esse evento, que todos os artistas que estão começando se apresentem', diz Paula. 

'Estamos impulsionando a cena local. Quando fazemos a festa em fábricas de cultura, muitas crianças participam e se inspiram nas apresentações. Queremos disseminar essa cultura e criar um ambiente bom para networking também', completa Lorrany. 

Baile da UDG
Um lugar onde grande parte dos promotores de eventos, MCs, funkeiros e artistas LGBTQ+ se reúnem é o Baile da UDG. Quando Isac Oliveira pensou em fazer uma festa, a ideia era pequena. Tão despretensiosa que o lugar escolhido para sediar o baile foi o quintal de sua casa, no Parque Fernanda, no Capão Redondo. 

A intenção era comemorar o aniversário da produtora de audiovisual Underground Filmes e levantar dinheiro para comprar equipamento profissional para a equipe, formada por ele, Breno Shinn, Eunice, Iuri, Jaque Loyal, Larissa Estevam e Marina Esodrevo. Mas a festa tomou uma proporção não esperada e teve que ser transferida para um lugar maior, como o Bloco do Beco, no Jardim Ibirapuera. 

Isac diz que o baile, que ocorre há dois anos, a cada dois meses, sempre teve um motivo especial para acontecer. Seja para celebrar os trabalhos da produtora que  promove conteúdos audiovisuais tendo as periferias como cenário, ou para comemorar outras iniciativas transformadoras. Caso da terceira edição, que homenageou os dois anos do desfile da marca de roupas Loyal, marca que aposta na autoaceitação e coloca corpos fora do padrão nas passarelas.

'Essas festas são muito importantes para nós, da periferia. Deixamos de ir ao centro e passamos a conhecer um outro lado do lugar onde vivemos. Deixamos de consumir o que vinha somente ‘da ponte pra lá’. O que está acontecendo no Guarapiranga, Jardim São Luís, aqui no Parque Fernanda é demais. Estamos nos mobilizando de um jeito que nunca tinha acontecido. A periferia tem direito a lazer e cultura e está criando isso.'

E tem mais: confira o mapeamento que a Trip fez com organizações e eventos que ocorrem na periferia de São Paulo e que estão transformando a cena local. 

Foto: Isac Oliveira, fundador do Baile da UDG
Crédito: Valdinei Souza





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Reversing the periphery-center flow, parties in the broken ones have shown the power of artists and articulators who have always been on the fringes.

Walking through downtown São Paulo, you will find leisure and culture everywhere. At night, the scene is the same: there are parties of all kinds and for different audiences. But some stand out for bringing the periphery to the region. This is the case of the Punga Festival, which takes place at the Studio Blade, on São João Avenue, in the heart of São Paulo. Conceived by Catarina Marçal and put into practice in 2016, it spreads the four elements of hip hop (graffiti, DJ, MC, B-boy and B-girl). Everything is done in a simple and thoughtful way: the shows take place in the battle style of MCs, without a stage and passing the microphone to the other at the end of the performance.

Catarina says this is intentional, so that the public and the artist can get closer. That's what she wants each issue: to bring a sense of belonging. 'We can promote and rotate the audience of the rap scene, I believe precisely because of this access from the periphery. The party is very ours and ours, you know? There is a recognition of the people seeing and feeling represented there. It is not something idealized by those who do not live the wheel. The visual and sound language is totally aligned with our experience. '

Speaking of representativeness, many cultural initiatives that were born in the peripheries have remained itinerant, carrying a message of resistance and pride from the place of origin to the whole of Brazil. Soiree, slam (spoken poetry battles) and classic MC battles play an important role in this rescue of self-esteem and awareness.

But there are those who prefer to cultivate their roots where they are embedded, highlighting the importance of creating opportunities where only scarcity could be seen. They are independent artists and cultural articulators who develop events in partnership with factories and cultural centers in the outskirts of São Paulo.

From the south to the north, collectives of 'young people ahead of time', as the RZO group points out in one of their most famous songs, are making noise and opening parties that generate income, leisure and culture for residents.

Trip has selected four events that take place in the far south of the capital and tells their stories and the changes they are bringing to society.

Goldz Party
Goldz was created in 2018 to connect independent artists and generate an active cultural environment in the south, more specifically in Jardim São Luís, Vila das Belezas and Capão Redondo. The idea came about through an initiative by Deck9 Record’s music producer Deck9 Concept, where singers, producers, musicians and rappers were invited to perform.

For Vinex, Mulambo and JP, founders of the party, which usually takes place every two months, it is essential to look where they grew up most carefully. 'Having an event in the rift, in addition to creating a cultural and leisure environment where you don't have to take hours to get around, also creates opportunities for producers and MCs to get to know each other and start working together,' explains Vinex, Deck9's founder.

Mulambo reinforces the vision of his friend and professional partner, and points out that, for him, attending events like this opened his eyes to social patterns that were previously blurry. 'I've always heard that being in the city center was the ideal option. Want to have a good job? Study at an expensive downtown school. Want to be successful? Work at the center. Want to have fun? Go to parties downtown. That thought must stop, 'he says. 'We are promoting events that bring money, leisure and culture to those who live here. When I go to a Goldz, a Crash Party, I feel fine, but nobody talks about it. The place where I live is only remembered by cases of violence or when they want to reinforce the stereotype that every poor black is a thief. It is time to remember that many things that are in the center have emerged here. '

Crash party

Guxtrava, founder and founder of Crash Party, also thinks like Mulambo. And it was just that and the need to create a safe space for LGBTQ + people that made her create the party in 2016.

With the help of friends Alef, Mayra, John, Livea and Hyperactive, Guxtrava articulated every detail and developed an event that emphasizes the resilience of bodies normally marginalized by society, encouraging new talent to perform in the region.

With a diverse line-up, which featured Linn da Quebrada and Jup do Bairro in its latest edition - celebrating the three years of the party - the group was also able to create a support network among the attendees, who become friends.

'It is important to always be with ours. And most important is to see how many people have been deconstructing and accepting the differences of each other, heteronormative bodies respecting trans and effeminate bodies. This is the great differential of Crash. We don't need security here, we take care of ourselves and take care of each other, 'says Guxtrava.

Release the Bass
The Loose Bass also emerged from a bond of companionship and care. It was after a class, walking down Paulista Avenue, that DJs Paula Fayá and Lorrany thought of a project and put it into practice. On July 15, 2018 the first edition of the event took place, designed to support and present the scene of peripheral DJs of São Paulo.

After some successful editions, the duo expanded the attractions of the party, which currently has pocket shows, dance shows and other artistic interventions, as well as partnerships with collectives such as Crash Party.

Paula and Lorrany claim that, because of the money, the initiative does not have a defined periodicity, but, by 2020, expect to carry it out monthly.

'We know how hard it is to get money to go to events elsewhere. Therefore, Loose Bass is required. We choose to do it in peripheral locations and often in non-entry establishments. We want everyone to occupy this event, all the artists who are just starting to perform, 'says Paula.

'We are driving the local scene. When we have the party in culture factories, many children participate and are inspired by the presentations. We want to spread this culture and create a good networking environment too, 'adds Lorrany.

UDG Ball
One place where most LGBTQ + event promoters, MCs, funkeiros and artists meet is the UDG Ball. When Isac Oliveira thought of having a party, the idea was small. So unpretentious that the place chosen to host the ball was the backyard of his house, in Fernanda Park, Capão Redondo.

The intention was to commemorate the anniversary of audiovisual production company Underground Filmes and raise money to buy professional equipment for his team, Breno Shinn, Eunice, Yuri, Jaque Loyal, Larissa Estevam and Marina Esodrevo. But the party took an unexpected proportion and had to be moved to a larger place, such as the Alley Block, in Jardim Ibirapuera.

Isac says the ball, which takes place two years every two months, has always had a special reason to happen. Whether to celebrate the work of the production company that promotes audiovisual content with the peripheries as a backdrop, or to celebrate other transformative initiatives. Case of the third edition, which honored the two years of the Loyal clothing brand parade, a brand that bets on self-acceptance and places non-standard bodies on the catwalks.

'These parties are very important to us from the periphery. We stopped going downtown and got to know another side of the place where we live. We stopped consuming what came only from the bridge over there. What is happening in Guarapiranga, Jardim São Luís, here in Fernanda Park is awesome. We are mobilizing in a way that had never happened before. The periphery has the right to leisure and culture and is creating it. '

What's more, check out Trip's mapping of organizations and events taking place on the outskirts of São Paulo that are transforming the local scene.

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