Cidade recebe neste mês as duas maiores competições das modalidades olímpicas
Tivessem vivido em São Paulo em 1988, Pedro Barros, Leticia Bufoni, Pâmela Rosa e Kelvin Hoefler precisariam confrontar uma proibição municipal para andar de skate. Como o ano é 2019, eles estão entre as estrelas dos dois campeonatos mundiais do esporte, agora olímpico, que a cidade receberá a partir desta semana.
O primeiro evento, da modalidade park, será realizado na pista do parque Cândido Portinari, de quinta-feira (12) a domingo (15). Na semana seguinte, dos dias 18 a 22, o pavilhão de exposições do Anhembi será o palco do torneio da modalidade street. Essas competições estão entre as que mais contam pontos na classificação para os Jogos de Tóquio-2020.
Muita coisa aconteceu nesses 31 anos para que o skate saísse da condição de atividade rejeitada pelo poder público para um dos esportes em que o Brasil deverá ter mais chances de medalhas na próxima Olimpíada.
A participação do governador do estado de São Paulo, João Doria, no evento de lançamento do Mundial de Park, contrasta com a atuação do prefeito da capital no fim dos anos 1980 e ilustra o espírito de cada tempo.
No dia 24 de junho de 1988, Jânio Quadros decidiu proibir a circulação de skatistas em todas as ruas da cidade. Em memorando, determinou que os desobedientes fossem detidos e levados ao juizado de menores.
Essa foi a resposta política dada pelo mandatário a um protesto no dia anterior, quando um grupo de jovens contestou a proibição do uso do skate aos fins de semana no parque do Ibirapuera. O mesmo local onde funcionava a prefeitura na época era o principal ponto de encontro dos skatistas da cidade, que se divertiam no piso liso construído sob a marquise.
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Em 23 de junho de 1984, cerca de 200 skatistas protestaram contra
uma proibição do prefeito de São Paulo, Jânio Quadros,
que vetou a prática do esporte no parque do Ibirapuera Alexandre Tokitaka
Uni dos líderes do ato foi o então jovem empresário Mareio Tanabe, que colocou dinheiro para comprar faixas e megafone. No dia 23 de junho, cerca de 200 manifestantes, segundo relatos da época, saíram da estação Paraíso do metrô em direção ao parque, mas acabaram barrados na entrada.
"Meninos brincando com skates, ricos em sua maioria, fizeram ontem, segundo os jornais, uma passeata pelas ruas da cidade. Ao Ibirapuera não chegaram, porque tomaram a lição que o pai não lhes deu", dizia o texto assinado pelo prefeito.
O ato de rebeldia não chegou a ser concretizado como os participantes queriam, mas recebeu registro de destaque na imprensa, com foto na capa da edição da Folha do dia 24.
"Um monte de gente me deus os parabéns pelo movimento, já que o skate não tinha tanto espaço. Mas no dia seguinte o Jânio proibiu em todas as ruas da cidade, e os mesmos caras que me deram os parabéns passaram a dizer que eu era burro pra caramba por brigar com alguém que quando presidente já tinha proibido o biquíni [risos]", conta Tanabe.
A proibição, no entanto, era freqüentemente desrespeitada pelos praticantes, que pouco tempo depois obtiveram decisão judicial para organizar uma competição na chamada "ladeira da morte". O evento teve transmissão televisiva, e quando o prefeito soube da sua realização, durante uma viagem a Londres, mandou reforçar o veto.
"Aí a Guarda Civil pegou pesado, saiu tomando o skate da molecada e dando porrada. A gente estava vindo da fase da gestão militar, onde rolava porrada mesmo com os skatistas", afirma Tanabe, hoje com 55 anos.
A prática foi liberada poucos meses depois em São Paulo, já na gestão da prefeita Luiza Erundina, e a década seguinte ficaria marcada pela sua popularização no Brasil. Indústrias ligadas ao estilo de vida dos skatistas ganharam espaço no país que produziu os multicampeões mundiais Bob Burnquist e Sandro Dias.
Hoje o momento é de Pedro, Leticia, Pâmela, Kelvin e vários outros, que terão a chance de levar o prestígio já obtido no meio para um novo mundo, o dos Jogos Olímpicos.
A entrada do esporte no programa de Tóquio-2020 estimulou investimentos na área. A Confederação Brasileira de Skate (CBSk), por exemplo, passou a receber verbas públicas por força da Lei Piva, que determina a destinação de parte da arrecadação das loterias federais ao Comitê Olímpico do Brasil.
Com esses recursos foi criada, por exemplo, uma seleção brasileira de skatistas, que recebem apoio para participar de eventos nacionais e internacionais. Em parceria com a empresa Rio de Negócios, a CBSk passou a organizar um circuito nacional, o STU, e promoverá o Mundial de park.
"Unimos todo mundo. Trouxemos quem faz a música, a moda, a gastronomia, a cerveja, o audiovisual. Entendemos que o skate não pode ser só competição, por isso conseguimos trazer marcas que querem conversar com esse público, não só patrocinar o alto rendimento ou falar de caminho olímpico", diz Diogo Castelão, sócio da Rio de Negócios.
Avaliação feita pela Fundação Getúlio Vargas e reconhecida pelo governo federal calculou em R$ 118 milhões o impacto econômico gerado pelo principal evento do STU no ano passado, realizado 110 Rio de Janeiro.
Supervisor de campeonatos e da seleção 11a CBSk, Edson Scander, 52, que começou a andar de skate em 1985, conta que nunca imaginou viver a mudança de cenário pelo qual o esporte passou e ainda passa.
"Quando comecei, ou você comprava um skate muito ruim feito no Brasil, que iria causar um acidente, ou teria que gastar uma fortuna para comprar um importado. Por isso construímos um novo cenário, abrindo empresas e associações, organizando campeonatos, montando programas de rádio e revistas. Tudo o que foi construído essa nova geração está colhendo", afirma.
Tanabe, hoje dono de dois skateparks em São Paulo, alerta para o risco que vê no atual modelo de negócios do esporte. Para ele, mesmo com a participação olímpica e a grande exposição de mídia, o desaparecimento de uma indústria local do skate pode colocar em risco o que o Brasil sempre fez de melhor: revelar novos talentos.
"Não existem mais eventos importantes com as marcas das empresas brasileiras de produtos do skate. O Pedro Barros sai do aéreo no logotipo da telefonia e volta no logotipo do energético. O mercado internacional vem bombando e, quando surge uma estrela brasileira, leva embora. É muito conveniente para eles", diz.
COMO FUNCIONA A CLASSIFICAÇÃO PARA OS JOGOS DE TÓQUIO-2020
Número de competidores:
20 na categoria Street feminina 20 11a categoria Street masculino 20 na categoria park feminina 20 na categoria park masculino
Em cada evento há o limite de 3 representantes por pais e o mínimo de 1 skatista por continente. O Japão tem vaga garantida em cada um deles.
Park
A modalidade reúne vários elementos construídos para a prática do skate, como rampas de diversos tamanhos e raios, além de extensões e bowls (pista com formato de piscina).
Street
A categoria simula a paisagem urbana, com bancos, escadas, corrimões e calçamento como espaços de manobras.
Mundiais
Os três primeiros colocados dos campeonatos mundiais da temporada 2020 já estarão classificados. Ranking
Levará em consideração eventos nacionais, continentais e mundiais disputados de Io de janeiro de 2019 a 31 de maio de 2020. Serão considerados os dois melhores resultados da temporada 2019 (até 15 de setembro) e os cinco da temporada 2020 (de 16 de setembro até 31 de maio).
Daniel E. de Castro, Mariana Goulart, Jasmin Endo Tran e Vinícius Martins
na Mega cenários mais misteriosos (e talvez assustadores...)
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São Paulo, Brazil, which has already banned skateboarding, gathers the sport's elite in world championships. HOW THE TOKYO 2020 GAMES WORKS
City receives this month the two biggest competitions of the Olympic modalities
Had they lived in Sao Paulo in 1988, Pedro Barros, Leticia Bufoni, Pamela Rosa, and Kelvin Hoefler would have to face a municipal ban for skateboarding. As the year is 2019, they are among the stars of the two world championships, now Olympic sport, that the city will receive from this week.
The first event, park mode, will be held at the Cândido Portinari park track, from Thursday (12) to Sunday (15). The following week, from the 18th to the 22nd, Anhembi's exhibition hall will be the stage of the street tournament. These competitions are among the highest scoring points for the Tokyo 2020 Games.
A lot has happened in these 31 years to make the skate out of the condition of activity rejected by the government to one of the sports in which Brazil should have more chances of medals in the next Olympics.
The participation of the governor of the state of São Paulo, João Doria, in the launching event of the Park World Cup, contrasts with the mayor of the capital in the late 1980s and illustrates the spirit of each era.
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On June 24, 1988, Jânio Quadros decided to ban the movement of skaters
on all streets of the city. In a memorandum,
he ordered that the disobedient be detained and taken to the juvenile court.
This was the political response given by the agent to a protest the day before, when a group of young people challenged the weekend ban on skateboarding in Ibirapuera Park. The same place where the town hall operated at the time was the main meeting place for the city's skaters, who enjoyed themselves on the smooth floor built under the sunroom.
On June 23, 1984, about 200 skateboarders protested against a ban by the mayor of São Paulo, Jânio Quadros, who vetoed the practice of sports at Ibirapuera Alexandre Tokitaka Park -
One of the leaders of the act was the then young businessman Mareio Tanabe, who put money to buy banners and megaphone. On June 23, about 200 protesters, according to reports of the time, left the Paraíso subway station for the park, but were barred at the entrance.
"Boys playing with skateboards, mostly rich, yesterday, according to the newspapers, marched through the streets of the city. Ibirapuera did not arrive, because they took the lesson that their father did not give them," read the text signed by the mayor.
The act of rebellion did not come to fruition as the participants wanted, but received a prominent record in the press, with a photo on the cover of the 24th edition of Folha.
"A lot of people congratulate me on the movement, since the skate didn't have so much space. But the next day Jânio banned it on all the streets of the city, and the same guys who congratulated me started saying that I was dumb ass for fighting with someone who as president had already banned the bikini [laughs], "says Tanabe.
The ban, however, was often flouted by practitioners, who shortly afterwards obtained a court order to organize a competition on the so-called "death slope." The event was broadcast on television, and when the mayor learned of it during a trip to London, he had the veto reinforced.
"Then the Civil Guard got heavy, went out taking the skateboard of the kids and was beaten. We were coming from the phase of military management, where it was beaten even with skaters," says Tanabe, now 55.
The practice was released a few months later in São Paulo, already under Mayor Luiza Erundina's management, and the following decade would be marked by its popularization in Brazil. Skateboarding lifestyle industries have gained ground in the country that produced world champions Bob Burnquist and Sandro Dias.
Today is the time for Pedro, Leticia, Pamela, Kelvin and many others, who will have the chance to take the prestige already obtained in the middle to a new world, the Olympic Games.
The entry of the sport in the Tokyo 2020 program has stimulated investments in the area. The Brazilian Skate Confederation (CBSk), for example, began to receive public funds under the Piva Law, which determines the allocation of part of the collection of federal lotteries to the Brazilian Olympic Committee.
With these resources was created, for example, a Brazilian selection of skaters, who receive support to participate in national and international events. In partnership with the Rio de Negócios company, CBSk started to organize a national circuit, STU, and will promote the park World Cup.
"We unite everyone. We brought who makes music, fashion, gastronomy, beer, audiovisual. We understand that skateboarding can not be just competition, so we can bring brands that want to talk to this audience, not just sponsor the high income or talk about the Olympic way ", says Diogo Castelão, partner of Rio de Negócios.
An assessment by the Getúlio Vargas Foundation and recognized by the federal government estimated at R $ 118 million the economic impact generated by the main event of the STU last year, held 110 Rio de Janeiro.
11th CBSk championship and team supervisor, Edson Scander, 52, who started skateboarding in 1985, says he never imagined experiencing the changing landscape that the sport has gone through and still goes through.
"When I started, either you bought a very bad skateboard made in Brazil that would cause an accident, or you had to spend a fortune to buy an imported one. So we built a new scenario, opening companies and associations, organizing championships, setting up programs for radio and magazines. Everything that was built this new generation is reaping, "he says.
Tanabe, now owner of two skateparks in Sao Paulo, warns of the risk he sees in the sport's current business model. For him, even with the Olympic participation and large media exposure, the disappearance of a local skate industry could jeopardize what Brazil has always done best: unveiling new talent.
"There are no more important events with the brands of Brazilian skateboarding product companies. Pedro Barros goes off the air at the telephony logo and back at the energy logo. The international market is booming and, when a Brazilian star comes along, he takes it away. It's very convenient for them, "he says.
HOW THE TOKYO 2020 GAMES WORKS
Number of Competitors:
20 in the Female Street category 20 11a Male Street category 20 in the Female park category 20 in the Male park category
In each event there is a limit of 3 representatives per country and a minimum of 1 skater per continent. Japan has a guaranteed place in each of them.
Park
The sport brings together various elements built for skateboarding, such as ramps of various sizes and radii, as well as extensions and bowls (track shaped pool).
Street
The category simulates the urban landscape, with benches, stairs, handrails and sidewalks as maneuvering spaces.
Worlds
The top three finishers of the 2020 World Championships will already be classified. Ranking
It will take into consideration national, continental and world events played from January 1, 2019 to May 31, 2020. The two best results of season 2019 (until September 15) and the five of season 2020 (from September 16 to September 19) will be considered. may 31st).
Daniel E. de Castro, Mariana Goulart, Jasmin Endo Tran and Vinicius Martins





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