Selecção nacional bateu a Argentina na final, em Barcelona, no desempate por grandes penalidades.
Ângelo Girão foi uma das grandes figuras do título e voltou a brilhar na baliza.
Foram necessários 16 anos e oito fases finais para Portugal recuperar o título de campeão mundial de hóquei em patins, o 16.º do seu historial. Um jejum maior foi imposto à selecção nacional para festejar um título global fora de portas, nada menos do que 26 anos. Em Barcelona, depois de ter eliminado a Itália e a Espanha, os portugueses bateram a Argentina no jogo decisivo mas só nas grandes penalidades: 2-1. Ângelo Girão, gigante na baliza, voltou a ser a chave para o sucesso.
Para trás ficou uma partida bem mais emocionante do que o nulo do marcador indiciaria no final do prolongamento. Portugal entrou bem no encontro frente a um adversário, que contabilizava cinco Mundiais no currículo (o último dos quais em 2015, em La Roche-sur-Yon, França), mas seriam os argentinos a assustar logo aos 10’, por Gonzalo Romero, com a bola a passar muito perto do poste.
Os sul-americanos foram crescendo no jogo e dispuseram mesmo de um penálti para desfazer a igualdade. Começou então o espectáculo Girão, que evitou o golo de Ordoñez. Seria o início de mais uma exibição de luxo, como já acontecera nas partidas anteriores nesta caminhada até à final.
E diga-se que o percurso da selecção nacional foi bem mais acidentado do que o seu parceiro desta final. Ainda na fase de grupos, os portugueses enfrentaram pela primeira vez na prova os argentinos, que bateram igualmente na decisão por grandes penalidades, também por 2-1, depois de um prolongamento encerrar empatado a uma bola.
Seguiu-se a espinhosa Itália, nos quartos-de-final. Uma partida de grande intensidade, com um 4-4 no final do tempo regulamentar e um 5-5 após o prolongamento. Mais uma vez nos penáltis, a sorte e o talento de Girão valeram às pretensões nacionais, que venceria por 2-0.
Nas meias-finais, chegava a “fava” Espanha, detentora do título e com seis Mundiais no bolso nas anteriores sete edições. Num encontro épico, os portugueses bateram a equipa da casa no prolongamento, por 4-2.
Já a Argentina, teve um percurso bem menos atormentado. Depois da fase de grupos, eliminou facilmente Angola, por esclarecedores 6-0, afastando nas meias-finais a França - que perdeu este sábado a decisão do terceiro e quarto lugares com a Espanha, por 5-0 -, carimbando com 3-0 o acesso ao jogo decisivo no mítico Palau Blaugrana, em Barcelona.
Já a complicada carreira de Portugal não poderia ter sido tão bem-sucedida sem o incontornável Girão entre os postes. Especialista na defesa de grandes penalidades (que como se viu foi uma das armas fundamentais para o sucesso), o guarda-redes do Sporting travou este sábado quatro remates dos argentinos da marca dos 5,4 metros, dois no tempo regulamentar e outros tantos no desempate por penáltis.
Actualmente com 29 anos, Ângelo Girão nasceu para o hóquei nas camadas jovens do Vigorosa, antes de passar a envergar por uma década a camisola do poderoso FC Porto nas camadas jovens, transitando depois para o Gulpilhares. Como sénior, o jogador representou a Académica de Espinho e o Valongo, onde se sagraria campeão nacional na temporada 2013-14, passando a vestir também a camisola da selecção nacional.
Na época seguinte iria surpreender ao ser apresentado como reforço do Sporting, tendo sido um elemento crucial para a conquista da Taça CERS (uma espécie de Liga Europa do hóquei patins), em 2015. Na final, frente aos espanhóis do Reus, travou três penáltis.
Mas o melhor ainda estava para vir. Sagrou-se campeão europeu por Portugal em 2016 e, na última temporada, e conquistou a Liga dos Campeões pelo Sporting. Os “leões” bateram o FC Porto na final, por 5-2, com Girão a ser, mais uma vez, um dos heróis da façanha.
A sua especial apetência para anular grandes penalidades, voltou a fazer-se sentir neste sábado frente aos argentinos na segunda parte da final, quando voltou a impedir um golo adversário da marca do castigo máximo. Mas foram inúmeras as defesas espectaculares de Girão ao longo do encontro que foram impedindo os sul-americanos de se adiantarem no marcador.
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