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domingo, 28 de abril de 2019

Alina Zagitova, Campeã Olímpica admite comportamentos bulímicos, e revive debate sobre transtornos alimentares na Patinação Artística. -- Alina Zagitova, Olympic Champion admits bulimic behaviors, and revives debate over eating disorders in Figure Skating.

Em entrevista recente ao programa da TV russa Vecherniy Urgant, a campeã olímpica Alina Zagitova, da Rússia, admitiu ter usado práticas consideradas auto-destrutivas para evitar ganho de peso durante o período de competições. Zagitova, de 16 anos também falou sobre suas condições antes do Campeonato Mundial de 2019, e que a instabilidade de suas performances até então—em parte creditadas por ela a oscilações de peso—chegou a fazê-la pensar em abandonar a disputa antes do início: "Eu não queria desgraçar a Rússia". Ela venceu o Mundial, com a liderança em ambos os programas e 237.50 pontos na somatória final.




Sobre o controle rígido de peso, Zagitova alegou ser necessário para execução de técnicas de salto: "Se aumentar o peso na sua mão, você não pode mais saltar". A campeã mundial de 2019 declarou que antes das Olimpíadas de PyeongCheng adotou práticas extremamente rígidas de manutenção do peso, que incluíam se privar de ingerir líquidos: "Eu me pesava três vezes ao dia para não passar de 100 gramas de ganho. Eu estava muito preocupada sobre meu peso e não bebia muita água. Tomava um gole e cuspia fora". E completou, reforçando: "Nosso esporte é complicado. Conforme eu ganho peso a técnica de saltos muda e eu não consigo mais saltar". O comportamento de não ingerir o alimento posto na boca é considerado sintoma grave de bulimia, um transtorno que pode levar a severos danos à saúde e até mesmo à morte, em 4% dos casos.

As declarações de Zagitova causaram preocupações entre internautas, e chegaram em um momento em que o esporte discute abusos de diversas espécies, incluindo a indução de transtornos alimentares. Nos EUA, a principal dupla de dança no gelo júnior, os irmãos Rachel e Michael Parsons anunciou aposentadoria precoce, após Rachel Parsons admitir em carta pública que está em tratamento contra anorexia nervosa. Também nos EUA, o recentemente aposentado patinador Adam Rippon admitiu viver em constante vigilância contra surtos de anorexia, e que no início de 2016, quando venceu o Campeonato Nacional, sobrevivia com uma dieta diária de três fatias de pão integral cobertas com um substituto artificial não-calórico de manteiga e três xícaras de café com sucralose. A dieta rígida pode ter contribuído para Rippon sofrer uma fratura de difícil recuperação no pé esquerdo, que o manteve afastado do esporte por 11 meses. A vencedora do Campeonato Nacional dos EUA de 2016, Gracie Gold, foi forçada a abandonar as competições devido a transtornos alimentares mistos, disforia corporal, compulsão suicida e depressão grave, e hoje vive sob tratamento.

Treinadores nos EUA tem sido acusados de forçar emagrecimento de patinadores, inclusive com o uso de violência psicológica: Rafael Arutyunyan, que era técnico de Adam Rippon e atualmente responde por patinadores famosos como Mariah Bell (EUA), Michal Brezina (República Tcheca), Marin Honda (Japão) e o campeão mundial Nathan Chen (EUA)—que desde 2018 treina mais tempo na pista de gelo da Universidade de Yale do que diretamente com o treinador—foi citado várias vezes por ex-pupilos como responsável por agressões verbais dirigidas sobretudo a atletas mulheres com peso fora do padrão desejado, chamando-as de "vacas" e "porcas".

Casos graves de transtorno alimentar e práticas nutricionais destrutivas também aconteceram na Ásia. Na China, a então promessa Li Zijun foi posta pelos treinadores em um regime semelhante ao descrito por Zagitova durante um ano inteiro, com pesagens surpresa em vários momentos e restrições de dieta que incluíam não beber água e comer apenas um ovo cozido e uma porção pequena de arroz por dia. O regime causou um quase colapso do sistema imunológico de Zijun e crises depressivas que a obrigavam a visitas constantes ao hospital para tratamentos de emergência. Zijun só conseguiu melhores condições ao trocar de base de treinamento e técnicos, ainda assim teve que encerrar a carreira devido a prováveis sequelas de desnutrição. No Japão ficaram conhecidos os casos de Akiko Suzuki e Satoko Miyahara, que sofreram graves danos à saúde por insuficiência alimentar. Suzuki, que foi aconselhada por técnicos a emagrecer para saltar melhor, chegou a pesar 32 quilos, ter um índice de massa corporal (IMC) de apenas 12 pontos e adoecer gravemente no ano de 2003. Ela só conseguiu retomar a carreira competitiva após um ano de intenso tratamento hospitalar e psicológico. Miyahara, sofrendo de osteopenia, com quase nenhuma ingestão de cálcio e peso muito abaixo do ideal teve fraturas de estresse graves em várias partes do corpo desde o final de 2016, e quase teve que se aposentar antes dos 20 anos de idade.

Na Rússia, o caso de Yulia Lipnitskaya ainda é lembrado: em 2017 ela encerrou uma das mais promissoras carreiras da história da Patinação Artística com apenas 19 anos, após sucessivas internações para tratar anorexia nervosa. Segundo ela, o transtorno foi desenvolvido para manter um corpo ideal para competir no nível que público, técnicos e analistas esperavam. A medalhista de prata olímpica Evgenia Medvedeva, que deixou a Rússia para treinar no Canadá em 2018 admitiu ter mantido uma relação inamistosa com alimentos durante os anos em que treinou em Moscou, e que recebia a recomendação de técnicos para "tentar atrasar a puberdade a todo custo" a fim de evitar mudanças físicas e aumento de peso, o que incluía dietas extremamente severas. O processo todo pode ter agravado lesões na coluna que a patinadora sofreu ainda na Rússia e que se tornaram crônicas, impedindo definitivamente alguns movimentos como as piruetas Biellmann e layback. Medvedeva, que ficou com o bronze no Campeonato Mundial de 2019 declarou ter no último ano melhorado a auto-aceitação de corpo e imagem e estar em trabalho para a melhora da condição física dentro de limites possíveis: ela tem reformado as técnicas de patinação de acordo com as mudanças naturais do corpo e adotou um estilo de vida vegetariano saudável.

A base de treinamento do clube russo Sambo-70, o mesmo de Zagitova e onde Medvedeva e Lipnitskaya treinavam é atualmente a maior liderança no mundo em obtenção de resultados na categoria feminina. É lá que treinam três das quatro únicas mulheres que conseguiram completar saltos quádruplos em competição na história da Patinação Artística: a cazaque Elizabet Tursynbaeva, na categoria senior, mais as russas Alexandra Trusova e Anna Shcherbakova, da categoria junior. As três tem sido alvo de diversas especulações quanto às condições reais de saúde e nutrição. O peso das atletas não é divulgado pelo clube, mas especula-se que todas estejam muito abaixo de um limite saudável: rumores dão conta de que Shcherbakova teria um IMC abaixo de 15, o que denotaria uma saúde gravemente ameaçada.

Regimes de alta restrição alimentar e controle rígido de peso todavia não são uma unanimidade nas bases de treinamento de Patinação Artística, e encontram críticos ferozes no meio. O técnico russo Alexei Mishin, que foi treinador de lendas do esporte como Evgeny Plushenko, Alexey Yagudin e Alexei Urmanov, responsável pelo trabalho atual da campeã mundial de 2015 Elizaveta Tuktamysheva, e que também já trabalhou com a italiana Carolina Kostner e na recuperação da chinesa Li Zijun costumava recomendar sobretudo às atletas femininas um especial cuidado em manter uma boa nutrição. Mishin declarou que trabalhar com mulheres é algo que exige atenção redobrada às mudanças naturais inevitáveis, e se isso for ignorado todo o trabalho pode ser posto a perder: "Mulheres são um material delicado, muitos fatores podem afetar os resultados, disposições, sentimentos em competição. Algumas coisas muito sutis podem afetá-las Mais, para a maioria das garotas na puberdade as mudanças são difíceis de resistir". E pôs ênfase em uma alimentação rica e saudável para manter o desempenho, como recomendava constantemente para Zijun: "Você precisa comer coisas melhores, apenas um corpo forte tem energia para saltar".

Outro crítico das restrições extremas é Brian Orser, técnico do Toronto Cricket Skating and Curling Club, do Canadá. Ele, além do trabalho com o bicampeão olímpico Yuzuru Hanyu, do Japão—que apesar da aparência magra faz uma dieta de quase 5 mil calorias diárias e tem buscado um aumento gradual de peso muscular como forma de controlar lesões e problemas de saúde—trabalha também com a russa Evgenia Medvedeva e dois atletas em recuperação de problemas alimentares: o coreano Jun Hwan Cha e a canadense Gabrielle Daleman. Cha, medalhista de bronze do Grand Prix de 2018 ainda estava treinando na Coréia em categoria júnior quando começou a sofrer diversas lesões por conta de fragilidade física provocada por alimentação deficiente. Com um novo programa nutricional, o coreano retomou o desenvolvimento gradualmente, ganhou tamanho e força física: com 1m81 de altura tem conseguido uma surpreendente consistência na execução de saltos quádruplos. Gabrielle Daleman, campeã canadense de 2018, por sua vez começou a ter problemas com anorexia e bulimia ainda durante a pré adolescência por causa de bullying, em uma época que competia como ginasta. Sob um tratamento que talvez dure para o resto da vida, tem se mantido com um corpo saudável e sido uma voz ativa contra agressões em ambiente escolar e de trabalho e em defesa das vítimas de transtornos alimentares, psiquiátricos e de abusos emocionais.

A atual boa forma de Daleman e da medalhista de bronze olímpica Kaetlyn Osmond, também do Canadá valeram elogios de Orser, que as citou como uma inspiração para novas patinadoras em uma entrevista para a TV NBC em 2017: "Kaetlyn e Gabby, acho que elas tem dado para tantas meninas ao redor do mundo a esperança de que elas não precisam ser um graveto. Elas não precisam ter transtorno alimentar. Elas podem ser altas—Kaetlyn é alta, bonita. Elas tem figuras femininas. Tem muitas dessas garotas e mulheres nos eventos que estão provavelmente pensando 'eu posso fazer isso'. Espero que essa seja a mensagem que apareça, porque acho que é importante".


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--in via tradutor do google
Alina Zagitova, Olympic Champion admits bulimic behaviors, and revives debate over eating disorders in Figure Skating.

In a recent interview with Russian TV show Vecherniy Urgant, Russia's Olympic champion Alina Zagitova admitted using self-destructive practices to prevent weight gain during the competition period. Zagitova, 16, also talked about her conditions before the 2019 World Championship, and that the instability of her performances until then-partly credited by her to weight swings-even made her think of quitting before the start : "I did not want to disgrace Russia." She won the World Cup with the lead in both programs and 237.50 points in the final sum.

On the strict control of weight, Zagitova claimed to be necessary for performing jumping techniques: "If you increase the weight in your hand, you can not jump over." The 2019 World Champion stated that before the PyeongCheng Olympics she adopted extremely strict weight maintenance practices, which included depriving herself of ingesting liquids: "I weighed three times a day to not exceed 100 grams of gain. about my weight and did not drink a lot of water. I would take a sip and spit it out. " He added: "Our sport is complicated. As I gain weight the technique of jumping changes and I can not jump anymore." The behavior of not eating the food put in the mouth is considered a severe symptom of bulimia, a disorder that can lead to severe damage to health and even death in 4% of cases.

Zagitova's statements have raised concerns among Internet users, and came at a time when the sport is discussing abuses of various species, including the induction of eating disorders. In the US, the leading pair of junior ice dancing, brothers Rachel and Michael Parsons announced early retirement after Rachel Parsons admitted in a public letter that she is in treatment for anorexia nervosa. Also in the United States, the recently retired skater Adam Rippon admitted to living in constant vigilance against anorexia outbreaks, and that in early 2016, when he won the National Championship, he survived on a daily diet of three slices of brown bread covered with a non-artificial substitute -caloric butter and three cups of coffee with sucralose. The rigid diet may have contributed to Rippon suffering a fracture of difficult recovery on the left foot, which kept him away from the sport for 11 months. The 2016 US National Championship winner Gracie Gold has been forced out of competition due to mixed eating disorders, body dysphoria, suicidal compulsion and severe depression, and is currently undergoing treatment.

Coaches in the US have been accused of forcing skaters to lose weight, including the use of psychological violence: Rafael Arutyunyan, who was a coach of Adam Rippon and currently responds to famous skaters such as Mariah Bell (USA), Michal Brezina (Czech Republic), Marin Honda (Japan) and world champion Nathan Chen (USA) - who since 2018 has been training longer on the ice rink at Yale University than directly with the coach - has been cited several times by former pupils as responsible for verbal aggression directed primarily to female athletes with desired non-standard weight, calling them "cows" and "sows."

Severe cases of eating disorders and destructive nutritional practices also occurred in Asia. In China, the then promise Li Zijun was put by coaches in a scheme similar to that described by Zagitova for a whole year, with surprise weigh-ins at various times and dietary restrictions which included not drinking water and eating only a boiled egg and a small portion of rice per day. The regime caused a near collapse of the Zijun immune system and depressive crises that forced her to visit the hospital for emergency treatment. Zijun only got better conditions by changing training base and coaches, yet he had to end his career due to likely sequels of malnutrition. In Japan, the cases of Akiko Suzuki and Satoko Miyahara, which suffered serious health damage from food insufficiency, were known. Suzuki, who was advised by technicians to lose weight to jump better, came to weigh 32 kilos, have a body mass index (BMI) of only 12 points and become seriously ill in the year 2003. She was only able to resume a competitive career after one year of intense hospital and psychological treatment. Miyahara, suffering from osteopenia, with almost no calcium intake and much below ideal weight had severe stress fractures in various parts of the body since the end of 2016, and almost had to retire before the age of 20.

In Russia, the case of Yulia Lipnitskaya is still remembered: in 2017 she closed one of the most promising careers in the history of Figure Skating at the age of only 19, after successive hospitalizations to treat anorexia nervosa. According to her, the disorder was developed to maintain an ideal body to compete at the level that public, technicians and analysts expected. Olympic silver medalist Evgenia Medvedeva, who left Russia to train in Canada in 2018, admitted that she had had an unfriendly relationship with food during the years she trained in Moscow, and that she received the recommendation of coaches to "try to delay puberty at all cost "in order to avoid physical changes and weight gain, which included extremely severe diets. The whole process may have aggravated injuries in the spine that the skater suffered in Russia and that became chronic, definitively preventing some movements like the biellmann and layback pirouettes. Medvedeva, who won the bronze at the 2019 World Championships, said she had improved her self-acceptance of body and image in the last year and was working to improve her physical condition within possible limits: she has reformed the skating techniques accordingly with the body's natural changes and adopted a healthy vegetarian lifestyle.

The training base for the Russian club Sambo-70, the same as that of Zagitova and where Medvedeva and Lipnitskaya were training, is currently the world's leading women's top scorer. This is where three of the only four women who have competed in quad skating competitions in the history of Figure Skating: Kazakhstan Elizabet Tursynbaeva in the senior category, plus the Russian junior Alexandra Trusova and Anna Shcherbakova. All three have been the target of various speculations regarding the actual health and nutrition conditions. The weight of the athletes is not reported by the club, but it is speculated that all are well below a healthy limit: rumors are that Shcherbakova would have a BMI below 15, which would indicate a seriously threatened health.

Regimes of high food restriction and rigid weight control are however not unanimous in the Skating training bases, and find fierce critics in the middle. Russian coach Alexei Mishin, who trains legend of the sport as Evgeny Plushenko, Alexey Yagudin and Alexei Urmanov, responsible for the current work of the 2015 world champion Elizaveta Tuktamysheva, who has also worked with the Italian Carolina Kostner and the recovery of the Chinese Li Zijun used to recommend especially to female athletes a special care in maintaining good nutrition. Mishin stated that working with women is something that requires increased attention to the inevitable natural changes, and if ignored all work can be put to waste: "Women are a delicate material, many factors can affect the results, dispositions, feelings in competition Some very subtle things can affect them. Plus, for most girls at puberty, the changes are hard to resist. " And he put emphasis on a rich and healthy diet to maintain performance, as he constantly recommended to Zijun: "You need to eat better things, only a strong body has the energy to jump."

Another critic of the extreme restrictions is Brian Orser, coach of the Toronto Cricket Skating and Curling Club, Canada. He, in addition to working with Japan's two-time Olympic champion Yuzuru Hanyu-who in spite of his slim appearance makes a nearly 5,000-calorie-daily diet and has sought a gradual increase in muscle weight as a way to control injuries and health problems-works too with Russian Evgenia Medvedeva and two athletes recovering from food problems: Korean Jun Hwan Cha and Canadian Gabrielle Daleman. Cha, a bronze medalist for the 2018 Grand Prix, was still training in Korea in the junior category when he began to suffer several injuries due to physical frailty caused by poor nutrition. With a new nutritional program, Korean has gradually resumed development, gained in size and physical strength: at 1m81 in height it has achieved a surprising consistency in the performance of quadruple jumps. Gabrielle Daleman, Canadian champion of 2018, in turn began to have problems with anorexia and bulimia still during the pre adolescence because of bullying, in a time that competed like gymnast. Under a treatment that may last for the rest of his life, he has maintained a healthy body and been an active voice against aggressions in school and work environments and in defense of victims of eating disorders, psychiatric disorders and emotional abuse.

Daleman's current good form and Olympic bronze medalist Kaetlyn Osmond, also from Canada, won praises from Orser, who cited them as an inspiration for new skaters in an interview for NBC TV in 2017: "Kaetlyn and Gabby, I think they has given so many girls around the world the hope that they do not have to be a stick.á They do not need to have an eating disorder.á They can be high.á Kaetlyn is tall, beautiful.á They have female figures.á There are many of these girls and women in the events that are probably thinking 'I can do this.' I hope this is the message that appears, because I think it's important. "





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