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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

video 1: 24min - Minding the Gap. Este é um documentário incrível. É sobre skate-boarding? -- video 1: 24min - Minding the Gap. This is an incredible documentary. Is it about skateboarding?

A adolescência é um período capaz de deixar marcas irreparáveis. Não apenas pela alta instabilidade emocional, mas também pela influência da criação. Entre os elementos que podem afetar a vida de um jovem, um dos principais é a violência, verbal ou física. Infelizmente, nessa idade, não é incomum presenciar brigas pesadas entre os pais ou ser vítima de correções agressivas. Nem todos crescem em volta de carinho.

Essas experiências negativas, mesmo que igualmente traumáticas, atingem cada um de maneira diferente. Um exemplo disso está no documentário Minding the Gap, visto que, além da amizade, os personagens da película compartilham infâncias tumultuadas, mas eles enfrentam o assunto de maneira distinta. O longa apresenta a relação de Keire Johnson, Zack Mulligan e Bing Liu, três skatistas. No fim da adolescência, eles se vêem diante de novos compromissos e precisam encarar medos antigos. Para Liu, a forma de enfrentar esses traumas é produzindo esse filme sobre seus amigos e si mesmo.


video 1:24min - Minding the Gap

A premissa envolvendo skate, brilhantemente apresentada pela obra por intermédio de sequências dinâmicas que seguem os garotos realizando suas manobras, parecendo uma espécie de balé urbano, serve como símbolo da fuga que os personagens buscam. Como Keire comenta em determinado momento: “é uma espécie de droga de certa forma. Tipo, posso estar à beira de um colapso mental, mas enquanto for capaz de andar de skate estarei ótimo”.

Diante desse cenário, o documentário mostra-se um excepcional coming of age, mostrando como esses jovens reagem contra as responsabilidades, como a busca por um emprego, no caso de Keire, e o filho prestes a nascer, no caso de Zack. Portanto, o mérito do diretor Bing Liu está em captar uma percepção verdadeira dos garotos sobre suas vidas. Um exemplo disso ocorre quando Zack comenta a dificuldade de se enxergar maduro, dizendo: “sinto ansiedade sobre não me sentir como adulto”. Ou seja, para extrair esse tipo de fala, Liu mostra-se um grande entrevistador.

Aliás, é interessante que o realizador permita que o público ouça suas perguntas e não apenas as respostas dos entrevistados. A estratégia justifica-se porque, aos poucos, Liu revela como Minding the Gap trata-se de uma obra extremamente pessoal. Ele confronta seu passado por intermédio das entrevistas com a mãe, ambos vítimas de um homem cruel, o padrasto dele. Inclusive, vale ressaltar como, apesar do envolvimento pessoal com a película, Liu conduz essas sequências de maneira brilhante, se colocando em tela (um dos únicos momentos que isso acontece) e mantendo ele e a mãe fora do mesmo quadro, ressaltando a distância sentimental que há entre os dois, visto que ela permitiu todas as agressões do ex-marido.

Portanto, Liu apresenta aqui outra qualidade indispensável para um documentarista: coragem. No entanto, a valentia do diretor não está em denunciar fatos graves, como ocorre em diversas obras desse tipo, mas sim em expor, de maneira crua, a si mesmo e aqueles que ama. O realizador não esconde o próprio trauma, o rosto de vergonha da mãe, o choro de Keire ou o alcoolismo de Zack. Se os documentários são conhecidos por seu realismo, Minding the Gap eleva isso a outro patamar, sendo impossível não se envolver aqueles jovens.

Além de desenvolver os protagonistas, o roteiro ainda explora temas importantes socialmente através do arco de cada um, como o racismo, sofrido por Keire, e o machismo, que atinge Nina, namorada de Zack. Aliás, mesmo permanecendo em segundo plano, a garota é brilhantemente utilizada para ressaltar o valor que uma criação sentimental pode surtir, visto que ela foi carinhosamente acolhida pelos tios após ter seu filho. Como ela mesma diz: “pela forma como fui criada, ansiava desesperadamente por amor”. No fundo, é o que todos eles buscam, amor, sentimento negado na infância.

Já o trabalho de edição é preciso ao costurar as histórias de cada um daqueles jovens, ressaltando como cada um lida com os traumas passados. Keire se arrepende por não ter feito as pazes com o pai; Liu tornou-se introspectivo; e Zack vive alcoolizado. Comparando cada adolescente, o filme evidencia como algumas situações se repetem na vida de quem sofre abusos, mas os impactos distintos. A montagem ainda aproveita a semelhança temática dos arcos dos personagens para criar comentários brilhantes acerca da obra. Há uma cena, por exemplo, em que Zack justifica a agressão que cometeu contra a namorada e, em seguida, ocorre um corte para o rosto entristecido de Liu ouvindo a mãe dizendo que o ex-marido também era bom para ela; o momento ressalta não apenas o absurdo de justificar violência, mas também o tipo de homem nojento que o padrasto do diretor era e que seu amigo está se tornando, criando um paralelo entre os dois.


Falando nisso, alguns dos momentos mais impactantes do documentário envolvem Zack, visto que é o jovem mais destroçado por seu passado, tornando-se um adulto violento e viciado, mas que ainda luta para melhorar. Por isso, o longa poderia tratar com mais cuidado a criação do rapaz, não recebendo a mesma atenção que a infância dos outros personagens tiveram.

Mesmo aqueles que não tiveram uma infância tão traumática podem ver em seu grupo de amigos uma verdadeira família. Muitas vezes, parece que nossas amizades nos entendem melhor que qualquer um e, talvez, o vínculo afetivo com aqueles que nos criaram só surja na vida adulta. Em Minding the Gap, acompanhamos uma bela família formada por jovens skatistas, sendo o único local onde encontram o amor ausente na infância. Às vezes, a maior violência que alguém pode cometer é negar amor a quem tanto anseia.

Minding the Gap – EUA, 2018
Direção: Bing Liu
Roteiro: Bing Liu
Elenco: Keire Johnson, Zack Mulligan, Bing Liu
Duração: 93 min

by
FERNANDO CAMPOS . . . Depois que fui apresentado para a família Corleone não consegui me desapegar da cinefilia. Caso goste de "O Poderoso Chefão" já é um belo início para nos darmos bem. Estudo jornalismo, mas amo mesmo escrever críticas cinematográficas. Vejo no cinema muito mais que uma arte, mas uma forma ensinar, inspirar, e o mais importante, emocionar. Por isso escrevo, para tentar incentivar às pessoas que busquem se aprofundar nesse universo tão rico. Não tenho preconceito com nenhum gênero, só com o Michael Bay mesmo.


video 1:24min - Minding the Gap








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--in via tradutor do google
video 1: 24min - Minding the Gap. This is an incredible documentary. Is it about skateboarding?

Adolescence is a period that can leave irreparable marks. Not only because of the high emotional instability, but also because of the influence of creation. Among the elements that can affect the life of a young person, one of the main ones is the violence, verbal or physical. Unfortunately, at this age, it is not uncommon to witness heavy fights between parents or be the victim of aggressive corrections. Not everyone grows around loving.

These negative experiences, even if equally traumatic, hit each one differently. An example of this is in the documentary Minding the Gap, since, in addition to the friendship, the characters of the film share tumultuous childhoods, but they face the subject in a different way. The feature features Keire Johnson, Zack Mulligan and Bing Liu, three skaters. By the end of adolescence, they find themselves faced with new commitments and face old fears. For Liu, the way to deal with these traumas is to produce this film about his friends and himself.

The premise involving skateboarding, brilliantly presented by the work through dynamic sequences that follow the boys performing their maneuvers, looking like a kind of urban ballet, serves as a symbol of the escape that the characters seek. As Keire says at one point: "It's sort of a drug in a way. Like, I might be on the verge of a mental breakdown, but as long as I can skateboard, I'll be fine. "

In the face of this scenario, the documentary shows an exceptional coming of age, showing how these young people react against responsibilities, such as the search for a job in the case of Keire, and the child about to be born, in the case of Zack. So the merit of director Bing Liu is in capturing a true perception of the boys about their lives. An example of this is when Zack comments on the difficulty of seeing himself mature, saying: "I feel anxious about not feeling like an adult." That is, to extract this kind of speech, Liu shows up as a great interviewer.

In fact, it is interesting that the director allows the audience to hear their questions and not just the responses of the interviewees. The strategy is justified because, slowly, Liu reveals how Minding the Gap is an extremely personal work. He confronts his past through interviews with his mother, both victims of a cruel man, his stepfather. In addition, it is worth emphasizing how, despite the personal involvement with the film, Liu conducts these sequences in a brilliant way, putting itself on screen (one of the only moments that happens) and keeping him and his mother out of the same frame, emphasizing the sentimental distance that there is between the two, since it allowed all the aggressions of the ex-husband.

Therefore, Liu presents here another indispensable quality for a documentarist: courage. However, the director's prowess is not in denouncing serious events, as in many such works, but in exposing, in a crude way, himself and those he loves. The director does not hide his own trauma, the face of his mother's shame, Keire's crying or Zack's alcoholism. If documentaries are known for their realism, Minding the Gap raises this to another level, being impossible not to get involved with those young people.

In addition to developing the characters, the screenplay also explores socially important themes through the bow of each one, such as the racism suffered by Keire, and the machismo that hits Nina, Zack's girlfriend. In fact, even while remaining in the background, the girl is brilliantly used to highlight the value that a sentimental creation can provide, since she was affectionately welcomed by her uncles after having her child. As she herself says: "By the way I was raised, I desperately yearned for love." In the background, is what they all seek, love, feeling denied in childhood.

Already the editing work is necessary to sew the stories of each one of those young people, emphasizing how each one deals with the past traumas. Keire regrets not having made peace with his father; Liu became introspective; and Zack lives drunk. Comparing each adolescent, the film shows how some situations recur in the lives of abused people, but the different impacts. The montage still takes advantage of the thematic similarity of the arcs of the characters to create brilliant comments about the work. There is a scene, for example, in which Zack justifies the aggression he committed against his girlfriend, and then there is a cut to Liu's sad face listening to her mother saying that her ex-husband was also good for her; the moment highlights not only the absurdity of justifying violence but also the kind of disgusting man the stepfather of the director was and that his friend is becoming, creating a parallel between the two.

Speaking of which, some of the most shocking moments of the documentary involve Zack, since he is the youngest person torn apart by his past, becoming a violent and addicted adult, but still struggling to improve. Therefore, the film could deal more carefully with the creation of the young man, not receiving the same attention that the childhood of the other characters had.

Even those who have not had such a traumatic childhood can see in their group of friends a real family. It often seems that our friendships understand us better than anyone, and perhaps the affective bond with those who have created us only arises in adult life. In Minding the Gap, we accompany a beautiful family formed by young skaters, being the only place where they find the love absent in childhood. Sometimes the greatest violence one can commit is to deny love to those who yearn for it.

Minding the Gap - USA, 2018
Directed by: Bing Liu
Screenplay: Bing Liu
Cast: Keire Johnson, Zack Mulligan, Bing Liu
Running Time: 93 min

by
FERNANDO CAMPOS. . . After I was introduced to the Corleone family, I could not detach myself from cinephilia. If you like "The Godfather" is already a good start to get along. I study journalism, but I really love writing movie reviews. I see in the cinema much more than an art, but a way to teach, inspire, and most important, to thrill. So I write, to try to encourage people to seek to deepen in this universe so rich. I'm not prejudiced with any genre, just with Michael Bay himself.

video 1:24min - Minding the Gap










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